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O Natal dos Banqueiros

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Por: José Niza - In ''O Ribatejo''




" Depois do que aqui escrevi na semana passada sobre “o dinheiro”, não esperava tão depressa voltar ao assunto: preferia que, em tempo de Natal, a caneta me conduzisse para outras paragens, e me levasse por caminhos que fossem de procura, ou de descoberta, de uma réstia de esperançla, de uma festa numa praça de amor, de paz e de canções.
Mas não. O homem põe. E a banca dispõe.

Um relatório há poucos dias divulgado pela CMVM – a Bolsa – deu-me um murro no estômago.
Não é que eu tenha andado distraído da ganância e dos festins da nossa alta finança.
Mas tudo tem que ter limites: os números revelados nesse relatório sobre os salários dos administradores dos bancos e das empresas mais importantes do País, para além de aterradores, são um insulto ao povo português e, em especial, aos mais de 500 mil trabalhadores que estão no desemprego.

O salário mínimo em Portugal é de 450 euros por mês.
90 contos por mês. 3 contos por dia.
Muito pouco para pagar a renda da casa, a comida, as roupas, os sapatos, a água, a luz, os transportes, talvez o telemóvel…
Há um ano, o governo, as confederações patronais e os sindicatos, assinaram um acordo para, em 2010, aumentar o salário mínimo de 450 para 475 euros.
Menos de 1 euro por dia!
Mas agora, as tais confederações patronais – que assistem mudas e quedas ao escândalo dos vencimentos dos gestores – vêm ameaçar que se o salário mínimo subir para 475 euros será um desastre nacional.
E, em contrapartida, propõem 460 euros!
Isto é, uma subida de 33 cêntimos por dia!

O relatório da CMVM revela que o salário anual médio dos administradores da banca e empresas cotadas na bolsa foi, em 2008, de 777 mil euros, isto é, de 64.750 euros por mês (cerca de 13 mil contos mensais ou 426 contos/dia).
64.750 euros por mês equivalem a 136 salários mínimos.
Isto é, para atingir o valor do ordenado mensal de um desses gestores, um trabalhador que receba o ordenado mínimo terá de trabalhar mais de 11 anos!!!



Mas ainda não é tudo. Há mais, bastante mais.

2008 – como todos nós sabemos – foi um ano de crise, de falências, de desemprego galopante, de apertar o cinto.
Mas, enquanto a esmagadora maioria dos Portugueses fazia contas à vida, cortava nos gastos, fazia sacrifícios ou – nos casos mais dramáticos – passava fome, os senhores do dinheiro tiveram, em média, aumentos de 13 %.
13% sobre 777 mil euros são cerca de 100 mil euros, qualquer coisa como 20 mil contos por ano e para cada um. Só de aumentos!

2009 – um ano que agora se vai embora sem deixar saudades – foi também um ano de enorme crise na indústria automóvel.
Mas nem tudo foram desgraças: no Vale do Ave, território dos têxteis e do mais alto desemprego do País, nunca se venderam tantos Porches.
Quanto mais desempregados na rua, mais Porches na estrada!

Como se tudo isto ainda não bastasse, os próprios ex-administradores da banca – como é o caso do BCP – têm regalias e mordomias que ultrapassam todos os limites do imaginável: jactos privados para viajarem, seguranças, automóveis de luxo, motoristas, etc.

Foi-me contado um caso em que a excelsa esposa de um banqueiro se deslocava regularmente a Nova Iorque – em Falcon privado pago pelo BCP – para ir ao dentista e fazer compras!
E que o seu excelso marido (ex-presidente do BCP e membro da Opus Dei) dispunha de um batalhão de seguranças 24 horas por dia, também pagos pelo banco.

Será que uma pessoa com a consciência tranquila precisa da protecção de 40 seguranças? Nem Sadam Hussein tinha tantos…

Mas, afinal de contas, quem paga tudo isto?

Para além dos pequenos accionistas, é óbvio que são os clientes dos bancos, essa espécie sub-humana que a banca submete à escravatura e trata a chicote, essa legião de explorados que ainda olha para os bancos – e sobretudo para os banqueiros – com o temor reverencial de quem vê um santo como Jardim Gonçalves em cima de uma azinheira.

Quando um banco remunera um depósito a prazo com 1% de juros e cobra 33% nos cartões de crédito, é-lhe fácil conseguir dinheiro para cobrir todos os excessos e bacanais financeiros do sistema bancário.
Quando um banco paga metade dos impostos de qualquer empresa em situação difícil, o dinheiro jorra, enche os cofres dos bancos e os bolsos dos banqueiros.



É nisto que estamos.
Até quando?

Será que a um sistema que assim existe e que assim funciona – encostado ao Poder e protegido pela Lei – se pode chamar Democracia?

E que ninguém, de má consciência, tenha a desvergonha de me vir dizer que isto é demagogia! "


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