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A maior parte dos portugueses não tem noção do perigo inerente à divulgação de informações pessoais na internet, sem que sejam activadas medidas de privacidade.
A conclusão foi revelada ao “Ciência Hoje” por Francisco Rente, o investigador responsável pelo Vigilis, criado com o objectivo de produzir indicadores do nível de segurança da internet portuguesa (NSIP).
Este sistema, desenvolvido por uma equipa do Centro de Investigação em Sistemas (CISUC), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), permitiu descobrir que há mais de sete mil servidores, dos quais 1251 são estatais, cujo esquema de criptografia -técnica para esconder informação- é vulnerável ao ponto de permitir a um possível atacante informático ter acesso a toda a informação e partilhá-la publicamente, como o que se tem verificado com o caso Wikileaks.
“Permitiu-nos descobrir que o NSIP é perigoso (4,1), quase no limite do muito perigoso e que este panorama tem vindo a arrastar-se e a ameaça a aumentar, embora de uma forma mais ligeira”, afirmou Francisco Rente, explicando ainda que esta escala quantifica-se de 1 a 10 e qualifica-se em quatro graus: aceitável, perigoso, muito perigoso e caótico.
O Vigilis sucede o projecto Nonius -um sistema único a nível mundial de avaliação do índice de segurança da internet - e identifica as ameaças à segurança, desenvolvendo também ferramentas para as prevenir e combater. Neste estudo, analisaram-se os 3, 5 milhões de endereços electrónicos e 86 mil domínios (pt) activos existentes no país, tendo-se detectado 75 mil vulnerabilidades, de 19 índoles diferentes, que podem agrupar-se em três macrotipos.
A possibilidade de roubo de informação é a mais verificada.
No entanto a intercepção ou alteração de comunicações e o risco de comprometer o sistema também são hipóteses que resultam da falta de segurança na internet.
De acordo com o investigador de Coimbra, estes valores devem-se às centenas de novas ameaças à segurança informática que surgem diariamente.
"Pessoas com intuitos maliciosos têm uma imaginação muito fértil", referiu, acrescentando que os criminosos têm muita facilidade em “explorar novas e sofisticadíssimas metodologias e ferramentas para atacar”.
Perfis de Facebook desprotegidos !!
Também através do Vigilis, foi feita uma investigação sobre a privacidade da informação, tomando como caso de estudo a rede social Facebook.
Foram analisados 79 mil perfis públicos portugueses e verificado que mais de metade continha dados sobre relações pessoais e 25 por cento sobre a actividade profissional.
“Depois disto só há duas conclusões a tirar. Os portugueses não têm noção do risco que correm ou não sabem que é possível bloquear este tipo de acessos públicos”, sublinhou o coordenador deste projecto, advertindo ainda que, embora a informação seja aparentemente básica, pode dar azo a “situações maliciosas” visto que é passível de ser subvertida para se fazerem ataques informáticos.
(Fonte)
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